O DISCÍPULO DEVE SER BÍBLICAMENTE LIDERADO

 

Pb. Diego Natanael

INTRODUÇÃO

Vivemos em tempos em que as tradições, instituições e lideranças estão sendo progressivamente questionadas. Outrossim, lideranças religiosas têm protagonizado uma série de escândalos morais que trazem descredito para a igreja moderna e fazem surgir um movimento de rompimento do vínculo eclesiástico e de desprezo a liderança eclesiástica.

Porém, a Bíblia nos orienta que devemos ser biblicamente liderados, pois Deus constituiu líderes a fim de cuidar da igreja.

Desta forma, este artigo apresenta dois elementos da liderança cristã que devem ser observados pela igreja moderna a fim que se possa ter uma liderança biblicamente sadia. 

1) UMA IGREJA CRISTOCÊNTRICA:

O discípulo deve, antes de mais anda, ser submisso a Cristo. Pois, a igreja, nos moldes bíblico, é cristocêntrica, ou seja, é uma igreja centrada na pessoa de Cristo!

Infelizmente, muitas igrejas modernas estão destituídas do caráter cristocêntrico, pois, nelas, Jesus não é o centro. Em muitas igrejas, as prioridades são outras, priorizam o lucro, a fama, as felicidades terrenas, os interesses pessoais de seus líderes etc.

Em igrejas onde Cristo não é o centro, certamente prosperará o pecado e, com isto, os escândalos, mazelas estas que têm trazido descredito para a igreja moderna.

Os líderes das denominações modernas precisam entender que o propósito da igreja é anunciar o evangelho e conduzir o pecador a Cristo. A igreja se reúne para adorar a Cristo. É exclusivamente Cristo quem salva. É Cristo o cabeça da igreja. Logo, na igreja prevalece os interesses e vontade de Cristo e não do pastor ou de qualquer membro.

É interessante notar que em Ap. 3:20 está escrito: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”.

O texto de Ap 3:20 fala da cena em que Cristo está na porta da igreja de Laodiceia, do lado de fora, batendo e pedindo para entrar. Tal cena é alarmante, pois Cristo, que deveria estar dentro da igreja, estava do lado de fora, pois a igreja de Laodiceia havia se corrompido e abandonado a Cristo, seu culto, sua liturgia, sua doutrina e sua prática já não era cristocêntrico.

O protestantismo genuíno é marcado por seu cristocêntrismo, pois Cristo é o centro da liturgia da igreja, é o centro do relacionamento espiritual do crente, é o centro da vida do salvo, é o centro da adoração, é o centro da nossa existência. Pois, todos que recebem a Cristo como salvador, passam pela mesma experiência que Paulo:

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2:20).

Se Cristo vive em mim, e não vivo mais eu, logo, Cristo é Senhor absoluto da minha vida. Sendo assim, os meus desejos morrem e os desejos de Cristo para minha vida vivem; meus sonhos e projetos morrem e prevalecem os sonhos e projetos de Cristo na minha vida; minha vontade morre e prevalece a vontade de Cristo em minha vida.

Durante os séculos que se seguiram após a ressureição e ascensão de Jesus, a inquietante pergunta de Jesus a Pedro continua movendo os corações de bilhões de pessoas, qual seja: quem as pessoas dizem que eu sou? quem você diz que eu sou?” (Mc 8:27-30).

Para alguns Jesus é um profeta, para outros, Jesus é apenas um homem, para os ateus Jesus é um mito. Mas, quem Jesus é para a igreja?

A Bíblia testifica que Jesus é: o caminho, a verdade e a vida (Jo 14:6); o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2:5); o Filho de Deus (1Jo 5:5); o Cristo (Mt 16:16); o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19:16); Alfa e ômega, Princípio e Fim (Ap 22:13); Maravilhoso, Conselheiro, Deus poderoso, Pai eterno e Príncipe da paz (Is 9:6); Salvador (2Pe 2:20); Jesus é Deus! (Jo 1:1-3).

Muitas igrejas modernas precisam voltar-se para Cristo, pois Ele continua sendo o cabeça da Igreja, Solus Christus!

2) UMA LIDERANÇA MAIS BÍBLICA:

Atualmente, a sede por poder e fama tem criado líderes que se colocam na posição de reis, considerando os membros seus súditos. Muitos líderes eclesiásticos são marcados pela cobiça, ganância, imoralidade e autoritarismo.

A hierarquia dos ofícios ministeriais na igreja visível não é uma hierarquia cujo menor serve o maior, ao contrário, esta hierarquia, segunda a Bíblia, impõe que aquele hierarquicamente superior deve servir o hierarquicamente inferior (Mc 10:42-45). Mas, infelizmente, não é assim com as igrejas baseadas no episcopado monárquico moderno.

Outrossim, a Bíblia, em 1Tm 3:2-7, traz os requisitos de consagração dos presbíteros/bispos, líderes das igrejas locais, quais sejam:

É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, moderado, sensato, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, nem violento, porém cordial, inimigo de conflitos, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito. Pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus? Que o bispo não seja recém-convertido, para não acontecer que fique cheio de orgulho e incorra na condenação do diabo. É necessário, também, que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair na desonra e no laço do diabo.

Desta forma, as qualificações de um pastor/presbítero/bispo, segundo a Bíblia, são essenciais para que haja uma liderança bíblica. Colocando em um quadro, as qualificações podem ser classificadas da seguinte forma:

QUALIFICAÇÕES MORAIS

QUALIFICAÇÕES COMPORTAMENTAIS

QUALIFICAÇÕES MINISTERIAIS

Irrepreensível (1Tm 3:2)

Moderado (1Tm 3:2)

Apto a ensinar (1Tm 3:2)

Esposo de uma só mulher (1Tm 3:2)

Sensato (1Tm 3:2)

Governe bem a sua casa (1Tm 3:4)

Não violento (1Tm 3:3)

Modesto (1Tm 3:2)

Não recém-convertido

(1Tm 3:6)

Inimigo de conflitos

 (1Tm 3:3)

Hospitaleiro (1Tm 3:2)

 

Não avarento (1Tm 3:3)

Não dado ao vinho (1Tm 3:3)

 

Bom testemunho (1Tm 3:7)

Cordial (1Tm 3:3)

 

 

Todas estas qualificações são requisitos obrigatórios para o candidato aos presbitério. Infelizmente, tais qualificações não são visíveis em muitos líderes eclesiásticos, pois, muitos deles são avarentos, imorais, violentos, autoritários, não possuem aptidão para ensinar e não governam bem sua casa.

A Bíblia nos adverte contra os líderes que são autoritários, vejamos:

Aos presbíteros que há entre vocês, eu, presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e, ainda, coparticipante da glória que há de ser revelada, peço que pastoreiem o rebanho de Deus que há entre vocês, não por obrigação, mas espontaneamente, como Deus quer; não por ganância, mas de boa vontade;
não como dominadores dos que lhes foram confiados, mas sendo exemplos para o rebanho” (1Pe 5:1-3).

Desta forma, segundo o apóstolo Pedro, os presbíteros devem liderar a igreja não por obrigação, mas espontaneamente; não por ganância, mas de boa vontade; não como dominadores (autoritários), mas sendo exemplos para a igreja.

 

3) CONCLUSÃO

O crente deve ser obediência aos seus líderes eclesiásticos, porém, esta obediência está condicionada a Palavra de Deus, ou seja, devemos ser obedientes aos nossos líderes eclesiásticos desde que sua liderança seja bíblica.

Outrossim, os discípulos devem ter consciência de que os líderes são constituídos por Deus a fim de que possam ser orientados de acordo com a Palavra de Deus. 


Material de apoio referente a lição 4 da Revista Betel Dominical 4ª trimestre de 2023 destinado a auxiliar professores e alunos da EBD da IEADMG.

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