Ageu - um chamado para despertar da inércia
Introdução
Após o cativeiro babilônico, os judeus que voltaram para Jerusalém encontram inúmeros desafios; podemos afirmar que o maior desafio foi o de reestabelecer o culto ao Deus Vivo. Claramente foi o abandono da lei de Deus a razão do cativeiro como juízo e o reestabelecer da devoção encontraria grande oposição, assim como encontramos grandes oposições em nossos dias quando desejamos buscar a Deus. A mensagem de Ageu tem exatamente o objetivo de exortar o povo de Deus a buscar a Deus e não se deixar vencer pelas oposições.
1) Cenário do profeta Ageu (contexto histórico)
Ageu é o primeiro profeta pós exílio, depois dele termos Zacarias e Malaquias. Contemporâneo de Esdras, Ageu provavelmente está entre aqueles que ao retornarem para Jerusalém ainda se lembravam do primeiro templo, talvez por isso sua ênfase em alertar àqueles que ainda se lamentavam pela destruição do templo de Salomão, mostrando que uma atitude meramente religiosa, no sentido puramente tradicionalista, temporal, não deve ser cultivada pois não agrada a Deus.
Em 536 a.C. o primeiro grupo de exilados ao retornarem a Jerusalém fizeram o alicerce para a construção do templo, entretanto por causa da oposição
dos samaritanos e outros povos que viviam na região, o povo desanimou e
acabou por se voltar a construção de suas próprias casas. Momento em que
vemos a mesma postura secularista que presenciamos em nossos dias, crentes que
abandonam as coisas de Deus e se voltam exclusivamente para suas atividades
profissionais e deixam de investir tempo e recursos na Igreja. Sendo assim a
obra de reconstrução do templo foi interrompida apenas dois anos depois, em 534
a.C.
2) A necessidade de arrependimento (pontos centrais da mensagem do profeta)
Em função desse desanimo e abandono da obra de reconstrução do templo, uma letargia espiritual tomou conta do povo de Deus, resultado esse, que é inevitável diante do abandono da devoção pública, coletiva (culto público, periódico e congregacional); perante esse cenário Deus levanta Ageu, acompanhado de Zacarias, para entregar quatro mensagens no sentido de exortar o povo a se animar, abandonar esse desanimo e se empenhar na obra de reconstrução do templo para honrar ao Deus Vivo.
Primeiro Ageu repreende os repatriados por estarem investindo em suas próprias casas e negligenciando a casa de Deus (1.4), enquanto as moradias deles estão revestidas de cedro, a casa de Deus está em desolação; o profeta exorta o povo a considerar os próprios caminhos (1.5 e 7), ou seja, chama cada um a examinar a própria consciência e perceber se foi pra isso que Deus os havia tirado do cativeiro, por fim percebemos que os líderes e todo o povo são tomados de temor e recomeçam a obra de reconstrução do templo (1.12-15).
A segunda mensagem do profeta se deu poucas semanas depois quando as pessoas mais velhas começaram a se lamentar pois a glória (grandeza da construção, do edifício) do primeiro templo era maior (2.3); Ageu, movido pelo Espírito de Deus entrega a profecia de que a Glória da segunda casa será maior que a da primeira (2.9), claramente fazendo uma referência a uma obra que é eterna, mostrando que a ação de Deus não está limitada a marcos históricos e que Deus sempre faz novas todas as coisas (Apocalipse 21.5).
A terceira e quarta mensagens foram entregues no mesmo dia, uma dizia
respeito a necessidade de uma vida em obediência (2.10-19) e a outra sobre a
linhagem messiânica (2.23); afinal de contas a obediência e a devoção,
adoração, culto a Deus, são a essência da vida do servo de Deus na verdadeira
esperança da volta de nosso Senhor e Salvador Jesus.
3) Ageu para hoje (aplicação da mensagem do profeta na às nossas vidas)
O povo estava vivendo um momento de grande confusão espiritual, as prioridades não estavam em ordem, em função do desanimo com a reconstrução do templo os judeus investiam na construção de suas casas e negligenciavam a reconstrução do templo, assim não havia culto.
Quantas vezes fazemos exatamente isso em nossas vidas, investimos todo o tempo em estudos, formação intelectual e não investimos nada em nossa devoção, seja pessoal, familiar ou congregacional (junto a igreja). Mas cuidado, não se trata apenas de ir ao culto, embora a devoção pública, o culto na igreja, a vida congregacional seja fundamental nos dias de hoje, ela por si só não é suficiente; pois muitos a praticam de maneira meramente litúrgica sem uma devoção interior. O culto (louvores, pregação e oração coletiva) precisa gerar em nós o caráter de Cristo, pois caso contrário, embora estejamos fisicamente investindo tempo no templo, estaremos espiritualmente negligenciando o templo, assim como fizeram os judeus no tempo de Ageu.
Parece confuso! Mas é simples! Uma vida meramente litúrgica não agrada a Deus. Uma vida falsamente piedosa, que se emociona exclusivamente por causa de uma construção maior ou menor não agrada a Deus. O que glorifica a Deus é um coração entregue a Ele, que se alegra em ir a casa de Deus, seja no templo pequeno ou grande, pois sabemos que a Glória do templo não é medida pelo material ou tamanho da construção, mas pela presença do nosso Senhor. E que a vida do crente deve estar balizada pela presença de Deus e serviço aos santos e não pelas cosias terrenas.
Conclusão
A verdadeira devoção e adoração a Deus não está focada naquilo que é
material, tão somente, o verdadeiro adorador coloca a disposição do povo de Deus
os seus recursos como forma de serviço e adoração, sabendo que tudo que
fizermos para servir a Deus ainda é pouco diante de tudo que o Senhor nos tem
dado. Temos a certeza de que veremos a Glória do Senhor todos os dias mas em
breve podemos contemplar toda a Glória de Deus em seu tabernáculo eterno quando
nosso Jesus arrebatar a sua Igreja.
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